As quatro maiores tradições religiosas da humanidade em número de fiéis atualmente são o Cristianismo (33%), o Islã (22%), o Hinduísmo (15%) e Budismo (6%), representando 76% da população do mundo. E os outros 24% da humanidade? A maior parte deste percentual que não pertence a um dos quatro maiores grupos religiosos do mundo é composta por pessoas não-religiosas. O número de pessoas que não pertencem a nenhuma religião é estimado atualmente em 15% da população mundial. Trata-se de um contingente bastante significativo. Se os adeptos de uma determinada tradição têm diversas coisas em comum, o mesmo não se pode dizer do contingente dos sem-religião: eles não têm nenhuma organização em comum, nenhuma compreensão de ideias em comum, nenhuma estrutura social ou cultural em comum, nenhuma proposta ética ou de comportamento em comum. Não há, pois, entre eles elementos que os torne membros de um grupo. Assim, no máximo, se pode classificar o grupo dos sem-religião em tipos diferentes. A grosso modo, se pode falar de três tipos. Num tipo poderíamos classificar os chamados agnósticos, ou seja, aqueles que entendem não haver razão suficiente para se crer em algo religioso (de qualquer tipo); ou seja, os que entendem que não há fundamento racional para se ter fé em alguma coisa que vá além de nossa realidade. Um segundo grupo de sem-religião é formado por aqueles que aderem a formas seculares de sentido, ou seja, entendem que há um sentido para o todo, mas este não é religioso. Esta compreensão secular de sentido seria uma espécie substitutivo para a religião. Um terceiro tipo é formado por aqueles que se classificam como ateus. A palavra ateu quer dizer literalmente sem-Deus, mas há pelo menos três tipos de ateísmo: aqueles que negam a existência de Deus (ou seja, creem que Deus não existe, mas isto não deixa de ser um tipo de crença); aqueles que se reconhecem como ateus, mas entendem isto como não pertencer a nenhuma instituição religiosa (ou seja, têm alguma forma de sentido da vida, mas não frequentam qualquer grupo religioso) e aqueles para os quais a existência (ou não) de Deus não representa qualquer questão (vivem sem se perguntar isto).
Volney J. Berkenbrock, O mundo religioso (Editora Vozes)